quinta-feira, 10 de novembro de 2011

ORÇAMENTO DESTE DESÍGNIO AUSTRAL

*Por Eduardo

Há mais de 5 anos começamos a sonhar com uma Expedição para conhecer o sul do Brasil e a Argentina de moto. Esta viagem finalmente deve acontecer em Janeiro de 2012, após um longo período de pesquisa e planejamento. Hoje nosso blog informa uma contage de mais de 1500 acessos, e faltam uns 50 dias para nossa partida (parece que foi ontem que contávamos 100 dias - o tempo está voando!!).

Em conversas com diversas pessoas que convivem neste habitat motociclístico, descobrimos que muita gente sonha em fazer uma viagem deste naipe. Tá certo que a maioria sonha menor, como Amazônia (ainda queremos cortar a Transamazônica de BMW F-800 e poder navegar no maior rio do mundo entre Belém e Manaus), litoral... nada além da fronteira. Mais muitos sonham também com destinos internacionais. E o custo de uma viagem dessas, geralmente, é o fator pelo qual não realizaram ainda.

Sendo direto, as pessoas querem saber quanto custa uma viagem dessas. E este assunto não é nenhum tabu pra nós. Também viviamos fazendo suposições sobre quanto custa este sonho. E aqui vou informar sobre a previsão de custos desta viagem - a qual, com muito trabalho, se tornou viável pra nós. Muito trabalho mesmo!

Conheço 3 pessoas próximas a mim que trabalham tanto, que talvez seja a razão pela qual há tanta gente desocupada por aí! rsrrsss
- Meu pai, que já deve trabalhar há uns 55 anos por cerca de 15 horas por dia;
- Minha esposa, que deve ter uns 5 ou 6 trabalhos diferentes;
- O Joelson, um dos integrantes do nosso grupo nesta viagem.

O Joelson é produtor rural em Bela Vista de Goiás. Cria gado de vários tipos (inclusive tira leite), tem lavoura e pomar diversificados, cria peixe, fabrica doces, vende na feira, etc. E faz tudo praticamente sozinho (conta com a ajuda da esposa e de um funcionário). Na fazenda do Joelson tem serviço que não acaba nunca! E assim tem sido a vida dele já por quase 30 anos. Ele merece muito este passeio que vamos realizar.

O Edgar também é um cara que rala feio pra conquistar esta realização. Só quem é plantonista mesmo saberia explicar o impacto na saúde e na vida familiar/social causados pela troca da noite pelo dia (o Edgar é médico veterinário plantonista de uma clínica veterinária de Goiânia).

Quanto a mim (advogado), estou no escritório diariamente durante todo o horário comercial. Também leciono à noite em uma faculdade, nas segundas, quartas e sextas-feiras, além de sábados alternados pela manhã e à tarde.

Então por favor, não me venha supor que estamos com a vida ganha por estar realizando esta viagem (creia, já tive que ouvir este quase "sacrilégio"). Se renunciamos ao ócio em prol do alcance honesto de nossos objetivos, precisamos realizar esta colheita. É uma necessidade! E faremos com muita dignidade, totalmente às nossas expensas. Além do patrocínio do "Seu Ninguém", contamos apenas com a bênção de Deus e com a persistência que nos empurra ao arado diuturnamente.

Daí, pra renovar os ânimos, volta-e-meia realizamos uma "poda", como esta que você pode acompanhar abaixo.



No feriado de finados passado, nos levantamos às 4:00h da madrugada (horário de verão) para simular a despedida diária que faremos dos hotéis ao longo dessa viagem. As paradas para dormir estão pré-definidas em tópico anterior deste blog, e pretendemos fazer médias diárias de cerca de 800km. Como aproveitar os destinos turísticos se passaremos tanto tempo em cima das motos? Temos que iniciar o devoramento-asfáltico-de-cada-dia-nos-dai-hoje muito cedo. Só para vestir a indumentária e refazer as malas já demandará muito tempo... (fico imaginando como isto vai se tornar enfadonho lá pelas tantas dessa Expedição).

E são tão importantes estas mini-viagens preparatórias... No retorno, paramos em uma churrascaria e almoçamos com muita vontade. Resultado: sono ao voltar pra pista - lógico! Já sabíamos, mas este erro não será cometido na Argentina, certo?

Vamos à previsão de gastos então!! Nestes cálculos não estão incluídos os custos com equipamentos de uso pessoal, peças, acessórios e serviços realizados nas motos... nada disso. Estes custos são variáveis demais, cada um compra o equipamento que puder, equipa a moto como tiver condições (aproveito pra informar que as motos estão na revisão, e vamos falar disso adiante).

Há três despesas específicas que são rotineiras e permanentes durante todo o nosso trajeto: combustível,  hospedagem e alimentação.

a) COMBUSTÍVEL

Nossas motos são todas com injeção eletrônica, todas 4 cilindros, todas 600 cilindradas. O consumo delas, portanto, é idêntico - e já pudemos confirmar isto nos nossos passeios. O consumo dessas motos está em 18km/l, com velocidade de cruzeiro de 130km/h. Se maneirar na velocidade (exemplo: chuva, trânsito), dá pra fazer os 20km/l . Se puxar um pouquinho, o consumo pode ir pra até 14km/l (você consegue imaginar uma estrada com uma reta de 200km? É um convite pra acelerar forte.) Enfim, trabalhamos com média de 18km/l.
Estamos prevendo rodar 13.000km. Então, cada moto deve gastar 720 litros de gasolina.
- A gasolina mais cara é a do Brasil, onde rodaremos 4.500km a R$2,89. Cada moto deve consumir no Brasil cerca de 250 litros = R$722,50.
- No Uruguai devemos gastar apenas um tanque de "nafta sin plomo" (gasolina sem chumbo), que é cara, cerca de R$3,20. Portanto, rodando no Uruguai (lembre que devemos chegar com tanques cheios da Argentina), podemos jogar que gastaremos aí uns R$50,00.
- Já na Argentina, a nafta está custando cerca de R$1,90 o litro. Na região da Patagônia, o combustível é subsidiado, e há notícias de nafta a R$1,20 o litro. Para fins de estimativa, não vamos levar este menor preço em consideração. Então, a previsão para rodar em solo de el hermanos está estimada em R$840,00.
- Portanto, estimamos um gasto que gira em torno de R$1.600,00 com combustível, por moto. Isto é 1/3 (um terço) do orçamento individual da Expedição.

b) HOSPEDAGEM

É maravilhoso viajar e poder se hospedar em hotéis luxuosos. Um dia quero viajar assim... mas uma coisa com a qual não podemos contar nesta Expedição é com luxo! Sempre que fazemos alguma viagem no interior de Goiás, dormimos em hotéis hiper baratos, mas que só oferecem banheiro no quarto com chuveiro quente, cama e café. Alguma vez pegamos um ar-condicionado. Mas realmente não gastamos grana com hospedagem. Claro que em Ushuaia, onde passaremos mais tempo, escolheremos algo com mais estrelas pra curtir. Mas nas demais cidades, estaremos de passagem. Então qualquer lugar em que pudermos tomar um bom banho e dormir uma noite tranquila, será este o hostel  em que ficaremos.

Lemos relatos de mototuristas que se hospedam em casas de famílias camponesas na região da Patagônia. Particularmente eu adoraria passar uma ou outra noite em uma casa tipicamente argentina - é uma das melhores maneiras de se mergulhar numa cultura diferente. E olha que os relatos que já ouvimos recomendam muito este tipo de hospedagem. Essas famílias, segundo dizem, colocam sua casa para receber turistas para complementar a renda, e geralmente oferece o aconchego de uma jantinha feita na hora e um bom papo no sofá. Estou certo de que será ótimo!

Fora isso, procurarei também hotéis, pousadas ou pensões que disponham de acesso à internet para atualizar o diário deste blog.

Assim, tendo já optado e resolvido à unanimidade que nossa hospedagem será do tipo "precária, mas com um mínimo de dignidade", fizemos pesquisas e cotações chegando em um valor médio diário por pessoa de R$70,00. O fato de estarmos os três juntos deve baratear nossa despesa. Dormiremos diversas noites por R$100,00 para os três hóspedes. Este valor é permissivo para que sejamos mais exigentes em Bariloche, Ushuaia, etc.

Total estimado: R$70,00 x 24 dias = R$1.680,00

c) ALIMENTAÇÃO

Um ponto que merece bastante atenção de nossa parte é a alimentação durante a Expedição. Adotaremos certas regras, a maioria delas envolvendo o "não exagerar". Se comer muito antes ou durante a pilotagem: sonolência. Se comer muito no jantar: dificuldade pra dormir. Então, basicamente, tomaremos o desayuno oferecido pelos hostels; procuraremos tomar lanches leves na estrada; almoço sem exagero onde for possível encontrar (provavelmente coisa de beira de rodovia mesmo, mas com cuidado para não o organismo não "estranhar"); e jantares de melhor qualidade que pudermos encontrar nas proximidades da pensão. Vai ter o dia de dar P.T.? Claro! Mas uma coisa que estou achando extremamente valiosa deste grupo é que ninguém consome álcool. Isto diminui riscos, despesas, desentendimentos, enfermidades.
Agora, coisa difícil é estimar o preço de alimentação. Como saber o preço de um chivito uruguaio? Pior ainda: quantos posso comer? E quanto ao chorizo, o asado criolo ou de tira, a morcilla e o vacío, e demais cortes que formam a parrilla, quanto vou comer?

O que nos parece razoável é destinar um valor para esta necessidade. Calculando quanto comemos em um dia normal de férias, adicionando uma margem que permite hora ou outra escolher o prato de acordo com a informação escrita no canto direito inferior do cardápio, estamos destinando R$50,00 por dia/pessoa.

Total estimado: R$50,00 x 24 dias = R$1.200,00

Algumas outras despesas necessárias estão previstas:
- Seguro Carta-Verde (obrigatório para rodar nos países do Mercosul, para proteção de terceiros, tipo um DPVAT intenacional): R$216,00/pessoa
- Balsa para atravessar o Estreito de Magalhães: R$100,00 (ida e volta) /pessoa+moto
Ferry-boat para atravessar de Buenos Aires a Montevidéu: R$200,00/pessoa+moto
- Entradas em parques, passeios turísticos, etc.: R$??? (tomaremos a decisão na hora)


Finalizando, o custo aproximado das despesas a serem realizadas para executar esta Expedição é de R$5.000,00/pessoa.

Durante a execução, publicaremos o Diário informando distâncias, custos do dia e outras informações que poderão ser importantes para os próximos aventureiros.