sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

ESO ESTÁ BIEN, LLEGA EL DÍA!

* Por Eduardo

Então chegou o dia da nossa Expedição pelas mais tradicionais estradas do hemisfério sul do planeta. 

Neste momento, a expectativa certamente abala nosso humor, mas não é capaz de fazer recuar nem um milímetro a vontade de 'conquistar' Ushuaia. Não dá pra negar que o enfrentamento do desconhecido não nos faça recear... longe de casa por mais de 20 dias, de moto, em rodovias, com chuva e frio, lugares estranhos, outra língua, outras culturas, outras moedas... 
Estamos saindo compenetrados e cientes de que erros cometidos ao longo desta viagem terão um alto custo, podendo até mesmo comprometer a conclusão do trajeto. Além de observar as leis de trânsito e as de boa convivência, temos nossas próprias regras de condução das motos na rodovia, como por exemplo não pilotar à noite, manter o contato visual, não exagerar na comida, etc. Sabemos quão difíceis podem ser as tomadas de decisão, e faremos o possível para facilitar a vida um do outro. Respeito, mutualidade, camaradagem. Já escrevi aqui que somos um time coeso, e dependemos uns dos outros para garantir que lá pelo vigésimo dia, estará mantida a cordialidade e a consideração que nos une nesta partida. 
Esta viagem consagrará, em especial, a nossa LIBERDADE, e isto que estamos fazendo (viagem), da maneira combinada como estamos fazendo (de moto por ermos lugares), é a melhor forma de materializá-la (pelo menos o é para nós). 

Nestes últimos dias, caminhamos com os últimos preparativos. O Joelson equipou a moto dele com uma bolha (para-brisa), e fez um teste na chuva com malas e roupa. Os enxovais também parecem estar todos completos, bem como os diversos kits, como de ferramentas, higiene pessoal, eletrônicos, primeiros socorros, chuva (ganhei uma capa de chuva de Natal!). Comparemos dólares nesta semana, e na virada do ano tudo deve estar devidamente pronto. Estamos levando termômetro, bússola. Estamos levando adesivos com nosso emblema. Estamos levando um monte de coisas, tudo com propósitos que serão relatados ao longo do nosso diário.

Abaixo, o mapa com nosso roteiro. Em rosa, a ida; em verde, a volta. O trecho brasileiro será relatado (esperamos dormir a primeira noite em Foz do Iguaçú, onde devemos publicar a próxima postagem).


Convidamos a todos para montar diariamente em nossa "garupa virtual", pois pretendemos atualizar este blog com nosso Diário de Bordo, repleto de fotos e detalhes da nossa aventura. Acompanhe-nos. Torça por nós. Ore por nós! Deixe um comentário, uma sugestão (não se esqueça de assinar).

Ven con nosotros!


terça-feira, 29 de novembro de 2011

NÓS CREMOS: FIM DO MUNDO EM 2012, E FALTA APENAS UM MÊS!

* Por Eduardo

Calma muchacho, não sou seguidor de profecias Maias. A maior ligação que posso ter com essas civilizações americanas pré-colombianas se resume ao desejo de viajar - de moto, é claro - ao altiplano andino, conhecer a Machu Picchu dos Incas. Me aguarde!

O fato é que falta um mês para partirmos em nossa expedição rumo a Ushuaia, conferir a curva do vento, procurar as botas de Judas, bem como o seu cafundó!
"La cidade del fin del mundo" é um dos diversos pseudônimos dados à cidade mais ao sul do planeta, a qual escolhemos para visitar, com muita emoção, em Janeiro de 2012 - ou seja, antes que ela se torne a cidade do topo do globo, o novo Norte decorrente da precessão. Que medinho... kkkk

Vejamos como está a Capital da Tierra del Fuego:


Muito linda heim?

Enquanto nosso contador gira para próximo de 2012 visitas (uhuuuu), os preparativos vão a todo vapor. Semana passada retiramos as motos da revisão, onde foram trocados todos os fluídos e filtros, completamente limpos os sistemas de injeção, engraxadas e lubrificadas onde mais fosse possível. Troquei o pneu dianteiro também (o Edgar deve trocar em Ciudad del Leste-PY, e o Joelson não deve precisar). As motos estão prontas! A documentação também está em ordem, e estamos mexendo com os seguros. Também compramos trancas para as motos (um amigo relatou que até os carabineros trancam as motos na porta das delegacias argentinas... espero seja brincadeira).

Outro preparativo importante foi adesivar as motos para protege-las de pedrinhas, um trabalho difícil, e que nem ficou assim perfeito, mas que serve para a finalidade para o qual foi feito. Este trabalho foi chato de fazer, mas também caro pra terceirizar. Como estamos inconformados com essa infinidade de imprevistos e despesas que surgem, encaramos. Enfim, estes preparativos fazem parte do Projeto, e será a famosa "luta sem a qual a batalha não tem sabor"... (tô num enjoo dessas frases prontas... rss).

Uma importante decisão foi tomada, e merece ser destacada: decidimos conhecer Asunción, capital del Paraguay, donde estan las paraguayas, sonrientes a bailar... O Luis, pai do Edgar, conhece a capital, e nos recomendou visitá-la.

Com isto, fecharemos o legítimo roteiro do Mercosul. Interessante que esta ida a Asunción não irá aumentar muito a distancia que rodaremos, e outra oportunidade como esta não sabemos quando haverá.

Agora, temos este roteiro traçado, sempre sujeito a alterações ao longo do percurso:


Teste da Bagagem
02/01 Goiânia - Foz do Iguaçú = 1.400km
03/01 Foz do Iguaçú - Asunción = 400km
04/01 Asunción - Santa Fé = 875km
05/01 Santa Fé - Santa Rosa = 804km
06/01 Santa Rosa - Bariloche = 960km
07/01 Bariloche - Comodoro Rivadavia = 841km
08/01 Comodoro Rivadavia - El Chaltén = 886km
09/01 El Chaltén = 0km
10/01 El Chaltén - El Calafate = 114km
11/01 El Calafate - Puerto Natales = 274km 
Clique
12/01 Puerto Natales - Rio Grande = 521km
13/01 Rio Grande - Ushuaia = 213km
14/01 Ushuaia = 0km
15/01 Ushuaia = 0km
16/01 Ushuaia - Rio Galegos = 570km
17/01 Rio Galegos - Caleta Olívia = 711km
18/01 Caleta Olívia - Puerto Madrin = 517km
19/01 Puerto Madrin - Bahia Blanca = 670km
20/01 Bahia Blanca - Buenos Aires = 658km
21/01 Buenos Aires - Montevideo = 174km
22/01 Montevideo - Punta del Este = 133km
23/01 Punta del Este - Rio Grande 430km
24/01 Rio Grande - Tubarão = 540km
25/01 Tubarão - Ourinhos = 925km
26/01 Ourinhos - Goiânia = 804km

Certamente que este roteiro irá se alterar ao longo da viagem. 


Caminhamos para o fim dos preparativos, o fim da espera, o fim da ansiedade. Estamos avançando para o fim que queremos dar a este sonho, consumando-o. Iremos para o Fim do Mundo, se Deus quiser!!

Acerca del final de nuestros días, estoy tranquilo: estoy con Cristo!

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

ORÇAMENTO DESTE DESÍGNIO AUSTRAL

*Por Eduardo

Há mais de 5 anos começamos a sonhar com uma Expedição para conhecer o sul do Brasil e a Argentina de moto. Esta viagem finalmente deve acontecer em Janeiro de 2012, após um longo período de pesquisa e planejamento. Hoje nosso blog informa uma contage de mais de 1500 acessos, e faltam uns 50 dias para nossa partida (parece que foi ontem que contávamos 100 dias - o tempo está voando!!).

Em conversas com diversas pessoas que convivem neste habitat motociclístico, descobrimos que muita gente sonha em fazer uma viagem deste naipe. Tá certo que a maioria sonha menor, como Amazônia (ainda queremos cortar a Transamazônica de BMW F-800 e poder navegar no maior rio do mundo entre Belém e Manaus), litoral... nada além da fronteira. Mais muitos sonham também com destinos internacionais. E o custo de uma viagem dessas, geralmente, é o fator pelo qual não realizaram ainda.

Sendo direto, as pessoas querem saber quanto custa uma viagem dessas. E este assunto não é nenhum tabu pra nós. Também viviamos fazendo suposições sobre quanto custa este sonho. E aqui vou informar sobre a previsão de custos desta viagem - a qual, com muito trabalho, se tornou viável pra nós. Muito trabalho mesmo!

Conheço 3 pessoas próximas a mim que trabalham tanto, que talvez seja a razão pela qual há tanta gente desocupada por aí! rsrrsss
- Meu pai, que já deve trabalhar há uns 55 anos por cerca de 15 horas por dia;
- Minha esposa, que deve ter uns 5 ou 6 trabalhos diferentes;
- O Joelson, um dos integrantes do nosso grupo nesta viagem.

O Joelson é produtor rural em Bela Vista de Goiás. Cria gado de vários tipos (inclusive tira leite), tem lavoura e pomar diversificados, cria peixe, fabrica doces, vende na feira, etc. E faz tudo praticamente sozinho (conta com a ajuda da esposa e de um funcionário). Na fazenda do Joelson tem serviço que não acaba nunca! E assim tem sido a vida dele já por quase 30 anos. Ele merece muito este passeio que vamos realizar.

O Edgar também é um cara que rala feio pra conquistar esta realização. Só quem é plantonista mesmo saberia explicar o impacto na saúde e na vida familiar/social causados pela troca da noite pelo dia (o Edgar é médico veterinário plantonista de uma clínica veterinária de Goiânia).

Quanto a mim (advogado), estou no escritório diariamente durante todo o horário comercial. Também leciono à noite em uma faculdade, nas segundas, quartas e sextas-feiras, além de sábados alternados pela manhã e à tarde.

Então por favor, não me venha supor que estamos com a vida ganha por estar realizando esta viagem (creia, já tive que ouvir este quase "sacrilégio"). Se renunciamos ao ócio em prol do alcance honesto de nossos objetivos, precisamos realizar esta colheita. É uma necessidade! E faremos com muita dignidade, totalmente às nossas expensas. Além do patrocínio do "Seu Ninguém", contamos apenas com a bênção de Deus e com a persistência que nos empurra ao arado diuturnamente.

Daí, pra renovar os ânimos, volta-e-meia realizamos uma "poda", como esta que você pode acompanhar abaixo.



No feriado de finados passado, nos levantamos às 4:00h da madrugada (horário de verão) para simular a despedida diária que faremos dos hotéis ao longo dessa viagem. As paradas para dormir estão pré-definidas em tópico anterior deste blog, e pretendemos fazer médias diárias de cerca de 800km. Como aproveitar os destinos turísticos se passaremos tanto tempo em cima das motos? Temos que iniciar o devoramento-asfáltico-de-cada-dia-nos-dai-hoje muito cedo. Só para vestir a indumentária e refazer as malas já demandará muito tempo... (fico imaginando como isto vai se tornar enfadonho lá pelas tantas dessa Expedição).

E são tão importantes estas mini-viagens preparatórias... No retorno, paramos em uma churrascaria e almoçamos com muita vontade. Resultado: sono ao voltar pra pista - lógico! Já sabíamos, mas este erro não será cometido na Argentina, certo?

Vamos à previsão de gastos então!! Nestes cálculos não estão incluídos os custos com equipamentos de uso pessoal, peças, acessórios e serviços realizados nas motos... nada disso. Estes custos são variáveis demais, cada um compra o equipamento que puder, equipa a moto como tiver condições (aproveito pra informar que as motos estão na revisão, e vamos falar disso adiante).

Há três despesas específicas que são rotineiras e permanentes durante todo o nosso trajeto: combustível,  hospedagem e alimentação.

a) COMBUSTÍVEL

Nossas motos são todas com injeção eletrônica, todas 4 cilindros, todas 600 cilindradas. O consumo delas, portanto, é idêntico - e já pudemos confirmar isto nos nossos passeios. O consumo dessas motos está em 18km/l, com velocidade de cruzeiro de 130km/h. Se maneirar na velocidade (exemplo: chuva, trânsito), dá pra fazer os 20km/l . Se puxar um pouquinho, o consumo pode ir pra até 14km/l (você consegue imaginar uma estrada com uma reta de 200km? É um convite pra acelerar forte.) Enfim, trabalhamos com média de 18km/l.
Estamos prevendo rodar 13.000km. Então, cada moto deve gastar 720 litros de gasolina.
- A gasolina mais cara é a do Brasil, onde rodaremos 4.500km a R$2,89. Cada moto deve consumir no Brasil cerca de 250 litros = R$722,50.
- No Uruguai devemos gastar apenas um tanque de "nafta sin plomo" (gasolina sem chumbo), que é cara, cerca de R$3,20. Portanto, rodando no Uruguai (lembre que devemos chegar com tanques cheios da Argentina), podemos jogar que gastaremos aí uns R$50,00.
- Já na Argentina, a nafta está custando cerca de R$1,90 o litro. Na região da Patagônia, o combustível é subsidiado, e há notícias de nafta a R$1,20 o litro. Para fins de estimativa, não vamos levar este menor preço em consideração. Então, a previsão para rodar em solo de el hermanos está estimada em R$840,00.
- Portanto, estimamos um gasto que gira em torno de R$1.600,00 com combustível, por moto. Isto é 1/3 (um terço) do orçamento individual da Expedição.

b) HOSPEDAGEM

É maravilhoso viajar e poder se hospedar em hotéis luxuosos. Um dia quero viajar assim... mas uma coisa com a qual não podemos contar nesta Expedição é com luxo! Sempre que fazemos alguma viagem no interior de Goiás, dormimos em hotéis hiper baratos, mas que só oferecem banheiro no quarto com chuveiro quente, cama e café. Alguma vez pegamos um ar-condicionado. Mas realmente não gastamos grana com hospedagem. Claro que em Ushuaia, onde passaremos mais tempo, escolheremos algo com mais estrelas pra curtir. Mas nas demais cidades, estaremos de passagem. Então qualquer lugar em que pudermos tomar um bom banho e dormir uma noite tranquila, será este o hostel  em que ficaremos.

Lemos relatos de mototuristas que se hospedam em casas de famílias camponesas na região da Patagônia. Particularmente eu adoraria passar uma ou outra noite em uma casa tipicamente argentina - é uma das melhores maneiras de se mergulhar numa cultura diferente. E olha que os relatos que já ouvimos recomendam muito este tipo de hospedagem. Essas famílias, segundo dizem, colocam sua casa para receber turistas para complementar a renda, e geralmente oferece o aconchego de uma jantinha feita na hora e um bom papo no sofá. Estou certo de que será ótimo!

Fora isso, procurarei também hotéis, pousadas ou pensões que disponham de acesso à internet para atualizar o diário deste blog.

Assim, tendo já optado e resolvido à unanimidade que nossa hospedagem será do tipo "precária, mas com um mínimo de dignidade", fizemos pesquisas e cotações chegando em um valor médio diário por pessoa de R$70,00. O fato de estarmos os três juntos deve baratear nossa despesa. Dormiremos diversas noites por R$100,00 para os três hóspedes. Este valor é permissivo para que sejamos mais exigentes em Bariloche, Ushuaia, etc.

Total estimado: R$70,00 x 24 dias = R$1.680,00

c) ALIMENTAÇÃO

Um ponto que merece bastante atenção de nossa parte é a alimentação durante a Expedição. Adotaremos certas regras, a maioria delas envolvendo o "não exagerar". Se comer muito antes ou durante a pilotagem: sonolência. Se comer muito no jantar: dificuldade pra dormir. Então, basicamente, tomaremos o desayuno oferecido pelos hostels; procuraremos tomar lanches leves na estrada; almoço sem exagero onde for possível encontrar (provavelmente coisa de beira de rodovia mesmo, mas com cuidado para não o organismo não "estranhar"); e jantares de melhor qualidade que pudermos encontrar nas proximidades da pensão. Vai ter o dia de dar P.T.? Claro! Mas uma coisa que estou achando extremamente valiosa deste grupo é que ninguém consome álcool. Isto diminui riscos, despesas, desentendimentos, enfermidades.
Agora, coisa difícil é estimar o preço de alimentação. Como saber o preço de um chivito uruguaio? Pior ainda: quantos posso comer? E quanto ao chorizo, o asado criolo ou de tira, a morcilla e o vacío, e demais cortes que formam a parrilla, quanto vou comer?

O que nos parece razoável é destinar um valor para esta necessidade. Calculando quanto comemos em um dia normal de férias, adicionando uma margem que permite hora ou outra escolher o prato de acordo com a informação escrita no canto direito inferior do cardápio, estamos destinando R$50,00 por dia/pessoa.

Total estimado: R$50,00 x 24 dias = R$1.200,00

Algumas outras despesas necessárias estão previstas:
- Seguro Carta-Verde (obrigatório para rodar nos países do Mercosul, para proteção de terceiros, tipo um DPVAT intenacional): R$216,00/pessoa
- Balsa para atravessar o Estreito de Magalhães: R$100,00 (ida e volta) /pessoa+moto
Ferry-boat para atravessar de Buenos Aires a Montevidéu: R$200,00/pessoa+moto
- Entradas em parques, passeios turísticos, etc.: R$??? (tomaremos a decisão na hora)


Finalizando, o custo aproximado das despesas a serem realizadas para executar esta Expedição é de R$5.000,00/pessoa.

Durante a execução, publicaremos o Diário informando distâncias, custos do dia e outras informações que poderão ser importantes para os próximos aventureiros.

sábado, 22 de outubro de 2011

NAS ASAS DO DESTINO...

*Por Edgar


Em mais um tiro-curto para testar os equipamentos, ocorreu um fato que faço questão de publicar aqui. 

Retornando de Anápolis (BR-153), percebi estar sendo acompanhado por outro motociclista. Chegando em Terezópolis, parei para trocar a luva e percebi que ele havia parado abastecimento de sua Yamaha DT-180. Logo começamos a conversar (com toda essa facilidade de fazer amigos que as motocicletas nos proporcionam), trocar idéias sobre os trajes de chuva e viagens. Foi quando o Ronaldo me deu uma triste notícia: o falecimento de seu pai (também Ronaldo) no dia anterior, após ter ficado 5 meses na UTI do HFA em Brasília. Ele havia se acidentado quando empreendia uma viagem à noite em sua Yamaha XT-660, ocasião em que foi surpreendido por um cavalo na pista, não podendo evitar o choque.

Muito angustiado, Ronaldo filho dizia que além de pai, havia perdido um grande companheiro de estrada. Seu pai era exímio paraquedista, e seu desejo era de ser cremado, com suas cinzas sendo lançadas ao mar. Este desejo será realizado no final do ano, quando Ronaldo seguira em moto-viagem par o litoral em destino a ser determinado, tudo de uma forma que certamente agradaria seu amado.

Após me despedir dele, retomei meu passeio pensativo sobre esta e tantas outras histórias de companheiros motociclistas que já perderam sua vida em decorrência deste grande prazer de pilotar motos. Há alguns anos perdemos um grande amigo que nos acompanhou nas nossas primeiras moto-viagens, quando ainda tínhamos 18 anos. O Rogério se acidentou em sua Yamaha TDM 225 no trânsito de Goiânia, vindo a falecer dias depois. Foi uma perda inestimável! Mais recentemente, o grande Viajante Solitário (www.viajantesolitario.com.br) Eldinei Viana perdeu a vida em um acidente no município de Pato Branco-PR, quando pilotava sua BMW GS 1200 Adv. Eldinei era um amigo virtual (não o conhecemos pessoalmente), mas sentimos o peso dessa perda contabilizada na conta do moto-turismo brasileiro.

Os três motociclistas citados sem dúvida eram experientes e mesmo assim tiveram suas vidas ceifadas em eventualidades acontecidas no momento em que estavam fazendo algo que realmente gostavam, e que não puderam ser evitadas.

Fatalidades e acidentes acontecem, não quero desanimar ninguém a andar de motocicleta (confesso que as vezes fico um pouco, ainda mais depois de notícias de acidentes fatais), porém devemos fazer com muito respeito para diminuir a probabilidade, a fim de que não venhamos a causar dor e sofrimento a terceiros ou a nós mesmos. Com certeza quem anda pelos sites e fóruns de motociclismo já viu a frase: "Pra quem não gosta de andar de moto nem mil palavras explicam, pra quem gosta nem é preciso dizer nada..." 

Aos que mencionei, deixo minha singela homenagem neste post.




terça-feira, 18 de outubro de 2011

SUBMETENDO O EQUIPAMENTO

*Por Eduardo


Pit-stop em Claudinápolis
 
Revit Raptor - Edgar

Neste dia em que o contador de acessos do nosso blog completou 1000 (vide rodapé), faltando exatos 80 dias para acelerarmos rumo à Patagônia, conseguimos encontrar um tempo livre para dar um tirinho rápido por algumas rodovias próximas de casa.

Seguimos na saída de Trindade até o trevo de Anicuns, de onde rumamos para Itaberaí, retornando a Goiânia. Foi uma oportunidade para testarmos alguns dos equipamentos - temos procurado fazer estes testes para que haja tempo para os ajustes.

Calça Desert - Edgar

Dias atrás saímos na chuva para testar as roupas impermeáveis. Eu tomei uma chuva de leve e aprovei o agasalho (pretendo tomar uma chuva mais drástica). Minha moto apresentou algum problema no alarme, e provavelmente a roupa molhada impediu que o sistema detectasse a unidade que estava guardada dentro do bolso. Houveram dois acionamentos involutários, que me forçaram a parar no meio da chuva, retirar a luva e abrir a jaqueta em busca do controle. Já o Edgar, que saiu numa chuva mais pesada, teve o azar de ver seu iPhone mergulhado na piscina que se formou no bolso da jaqueta. De todo modo, já pretendíamos mesmo usar capa de chuva por cima de toda a endumentária "waterproof". Fora isto, o equipamento dele é muito bom, e está pronto para rasgar o cone sul. Ainda assim, não estamos confiando em nossas luvas... estamos céticos a respeito da existência de luvas verdadeirmente impermeáveis. Toda luva que compramos não aguenta água. Estamos buscando alternativas para resolver isto, pois as mãos ficam muito expostas durante a pilotagem, e todo vento constante, frio, água e pedriscos deve castigá-las.

Shark Evoline 2 - Edgar
Neste passeio, um evento que nos deixou em alerta foi que um parafuso do suporte de baú Givi do Edgar se soltou e sumiu sem nos darmos conta. Achei estranho o baú estar balançando tanto e quando paramos para verificar... Por sorte, achamos uma ferragista aberta em Americano do Brasil e compramos o parafuso. 

Revit Rival - Edgar
Outro equipamento que testamos foi o GPS Garmin Zumo® 660, equipamento ideal à prova d'água que o Edgar comprou nos EUA. Este navegador tem os mapas da América do Sul, com uma interface muito boa e uma grande quantidade de informações. As rotas podem ser calculadas diretamente nele ou através de um programa no computador (Map Source), baixadas depois. Ele vai acoplado em uma base que o Edgar instalou no guidão de sua moto, cuja fiação é ligada direto na bateria. Por falar em bateria, a do Edgar apresentou algum problema de carga, e já estávamos cotando uma nova. Mas depois de dar uma carga lenta em uma auto-elétrica, ela voltou a funcionar bem.

Máquinas na pista!
Considero esses acontecimentos valiosos para nos deixar ligados nas fragilidades antes da partida. Não poderemos evitá-los, mas devemos estar treinados para ao menos saber como reagir diante deles.

Voltando a falar do GPS, com a mudança na data da saída para o dia 02/01/2012, e ponderando melhor, recalculamos o roteiro e decidimos margear o Chile na ida e retornar pela Ruta 03, na costa do Atlântico. Esta mudança tem uma razão muito simples: a Ruta 03 é uma das principais rodovias argentinas, com pouquíssimos trechos sem asfalto ao longo de seus 3000km. Corta o país pelo lado oriental de norte a sul - de Buenos Aires até a Terra do Fogo. Portanto, é uma estrada mais fácil de ser vencida, e queremos deixar as facilidades para a volta, quando estaremos mais cansados. Na ida, tomaremos diversas rodovias diferentes, diversos trevos, etc. Estes mapas foram gerados pelo programa do GPS, e mostram o roteiro internacional que percorreremos:

Rota de Volta

Rota de Ida - Imagem gerada pelo
Map Source - GPS Garmin Zumo® 660

O outro equipamento que testamos neste rápido passeio foi a filmadora que ganhei do Nícolas no dia dos pais, mas que somente agora chegou dos EUA.

Fixei a Go-Pro® Full HD no tanque da moto e fizemos filmagens bem legais.


Os vídeos em alta definição consomem muita memória no SD Card, e por isso devemos providenciar mais algumas unidades para não perdermos as deslumbrantes paisagens que certamente veremos nas carreteras argentinas. Vale lembrar que o Edgar está levando um disco rídigo externo de 320gb para descarregarmos vídeos e fotos.
Refresco em Itaberaí

terça-feira, 4 de outubro de 2011

IMPREVISÕES INCIDINDO - ALTERADA A DATA DA SAÍDA

*Por Eduardo

Dando prosseguimento nos preparativos da nossa expedição austral, adquiri novos itens que, espero, devem me ser muito úteis. Enquanto o termômetro virtual do blog acusa 26º e pancadas de chuva em Goiânia, informa temperatura de 9º para uma nublada Ushuaia. Trabalhando então com "úmida hipótese" para a época da viagem, temos sempre comentado os investimentos em materiais impermeáveis que estamos fazendo. E foi com o Gentil do http://www.motoban.com.br/ que adquiri um par de polainas, protetores de punho e spray antiembaçante para a viseira do capacete. Na Motoban comprei também o "piloto automático" Cramp Buster.


Paralelamente, encomendei em Londres um par de bolsas impermeáveis Givi TW01, de 40 litros cada.


Givi TW01

Talvez ainda compre uma mala-tanque, mas fora isto estou dando por encerradas as compras de equipamentos para a viagem. É certo que nem todos os itens de necessidade foram comprados, mas as coisas que faltam são mais simples, e compramos aqui e ali. Muitos destes equipamentos são duráveis, e os teremos quando voltarmos, mas basta de onerar este Projeto.

Vamos dar uma olhadinha na lista (caso queira contribuir com alguma sugestão, poste nos Comentários):

DOCUMENTOS
- Identidade, CNH, Passaporte (opcional), Seguro Carta-Verde, CRLV

PARA A MOTO
- Lâmpadas (farol, lanterna, piscas);
- Velas de ignição (um conjunto)
- Lubrificante corrente
- Chave de ignição reserva
- Ferramentas moto
- Elástico (esticadores, aranha)
- Fitilho de plástico (braçadeiras)
- Kit de reparo para pneus (remendo frio)
- Mini-compressor 12v

GERAL
- Adesivo Silver-tape
- Saco p/ lixo
- Garrafa d'água
- Carregadores (telefones, comunicadores, filmadora, máquina fotográfica, GPS)
- Mapas
- Mangueira
- Bloco de anotação e canetas
- Canivete
- “Cambão” flexível
- Bandeira do Brasil
- Termômetro
- Óculos de sol
- Secador de cabelo
- Relógio

FARMÁCIA
- Luvas
- Merthiolate
- Band-aid
- Gazes, faixas
- Medicamentos (Dexametasona, Tramadol, Dipirona, Cetoprofeno, Pastilhas (garganta), Esparadrapo, Sal de Frutas, Dorflex, Paracetamol, Gelol)
- Protetores solar e labial
- Escova, fio e gel dental
- Pente
- Sabonete, shampoo, condicionador
- Cotonete
- Papel higiênico

ROUPAS
- 10 camisetas manga curta
- 5 camisetas manga longa
- 10 cuecas
- 10 meias cano alto
- Moletom
- Sandálias
- 2 calças jeans
- 3 bermudas
- Boné
- Sunga
- Toalha
- Segunda-pele

Na semana passada fomos até Bela Vista de Goiás para tratarmos alguns pontos da viagem com o Joelson. Fomos eu, Edgar e o Luís (pai do Edgar) nas duas FZ6, e foi bem divertido. As máquinas estão andando muito confortavelmente, e a noite estava agradável demais.

Daí no dia seguinte o Edgar veio com a notícia de que só poderá sair de férias no dia 02/01/2012! Fiquei bastante frustrado, já que estava planejando passar aniversário e reveillon com a família em Buenos Aires. Administrada a situação, estamos agora recalculando os dias. E se não iremos passar mais dias na Capital argentina, então teremos tempo para descansar mais adiante em outras cidades, quando também estaremos mais cansados.

A forma como se lida com uma situação desta, por exemplo, revela o quanto estamos preparado para as situações não planejadas que invariavelmente experimentaremos durante a execução do nosso Projeto. Importante manter em mente que serão nossas especiais companheiras; temos que encontrar conforto no meio delas.

domingo, 25 de setembro de 2011

PROVÁVEL ROTEIRO DE IDA

Ontem, 24/09/2011, eu e Edgar colocamos as motos na estrada. Finalmente, após longas procura e espera, peguei a moto que me levará até o fim do mundo - e ela está tinindo (além de linda)! Pegamos a BR-153 e seguimos até o segundo retorno após Hidrolândia-GO. As retas e a pouca quantidade de carros nos convidavam a acelerar forte, e pudemos uma vez mais confirmar o quanto faz diferença a proteção da carenagem. Seria bom o Joelson providenciar uma bolha para sua moto, pois o vento cansa demais.
Yamaha FZ6 S2 2008 (Eduardo) e 2009 (Edgar) 

Depois do tiro rápido de 110km, viemos pra casa fazer o churrasco comemorativo da compra dessas motos. A Natália (namorada do Edgar) também veio, e tivemos um jantarzinho muito bacana.
Edgar, Natália e Adriana
Durante esta semana, o Edgar entregou sua tarefa de determinar o roteiro que percorreremos até Ushuaia. Com saída de Goiânia-GO marcada para o dia 26/12/2011, pretendemos seguir até Ponta Grossa-PR, passando por Itumbiara-GO, Prata-MG, São José do Rio Preto-SP, Marília-SP, Ourinhos-SP, num total de 1.126km.


Para o segundo dia, projetamos seguir de Ponta Grossa-PR até São José do Norte-RS, num percurso de 1.135km.
O Edgar esteve conversando com um conhecido que é da cidade de Rio Grande-RS, que passou belas dicas para aquele que será o nosso segundo dia de viagem. Já pretendíamos passar pela Serra do Rio Rastro, em Santa Catarina com suas deslumbrantes paisagens, e agora decidimos também seguir na BR-101, no trecho em que ela passa entre o Oceano Atlântico e a Lagoa dos Patos.

Serra do Rio do Rastro (SC) - Absurdo viver no Brasil e não querer conhecer isto!
Veja que nesses primeiros dois dias, estaremos fazendo trechos acima de 1.000km diários, mas durante a viagem verificaremos se o ritmo está bom ou não. Estou com planos de tirar muitas fotos no caminho. E para o dia seguinte (28/12/2011) está prevista a entrada no Uruguai pelo Chuí-RS. Os procedimentos de fronteira podem ser demorados, mas queremos passar em Punta del Leste e Montevidéu neste mesmo dia. A idéia é dormirmos em Colonia del Sacramento, de onde parte o Buquebus até Buenos Aires. Devemos rodar, então, 240km no Brasil e 510km no Uruguai (não sei como fazer o Google Map calcular esta distância, mas foi determinada no www.ruta0.com).

Este trecho acima será percorrido pela rodovia litorânea.

No dia seguinte, atravessaremos o Mar del Plata de ferry boat, e chegaremos na capital argentina, onde passaremos o reveillon 2012 (lembrando que meu aniversário é dia 31/12 :o) ). A Adriana e Nícolas devem vir de avião para nos encontrar, assim como a Marínia (esposa do Joelson). Devemos ficar longe das motos uns 3 dias, passeando por Buenos Aires.
Embarcação para travessia do Uruguai para a Argentina
www.buquebus.com


No dia 02/01/2012 daremos prosseguimento à nossa expedição pela Ruta 03-AR, com paradas diárias em Viedma (930km), Comodoro Rivadavia (980km), Rio Gallegos (780km) e finalmente, dia 05/01/2012, Ushuaia (580km). Neste último trecho, enfrentaremos cerca de 200km de rípio - uma espécie de terra misturado com cascalho grande, ou seja, difícil estrada sem pavimento - além de fazer a travessia do Estreito de Magalhães no transbordador (http://www.tabsa.cl/), isto em solo chileno, entre Punta Delgada e Bahia Azul.

Roteiro de Ida - click

Devemos passar 2 ou 3 dias no nosso destino final, entre passeios locais, descanso, revisão das motos, etc. Daí iniciaremos o retorno possivelmente em 08/01/2012. E passaremos por um caminho diferente, o qual ainda está sendo definido, mas que em breve deve constar do blog.

domingo, 18 de setembro de 2011

A CEM INSPIRA QUEM REALIZA! 100 DIAS PARA A NOSSA PARTIDA

*Por Eduardo

Faltam 100 dias para a partida rumo à Tierra del Fuego!! Mal acreditamos que já estamos em contagem regressiva para devorarmos os quilômetros que separam o Rio Meia Ponte do Estreito de Magalhães e do Canal do Beagle. Ligaremos a Avenida Araguaia à R.S.Galdeano (última rua do mundo) em uma tocada de cerca de 10 dias. Mais de 6000 km. Uns 400 litros de gasolina por moto. Tudo razoavelmente planejado, como todo emocionante projeto que se preze: que não esgota tudo matematicamente, mas que também não pode ser chamado de irresponsável.

Nesta semana fiquei satisfeito por saber que um orgulho do moto-turismo goiano foi entrevistado pelo The New York Times. Sinomar Tavares, que após se aposentar aprendeu a pilotar motos, saiu de Morrinhos-GO e seguiu para Ushuaia, e está agora voltando do Alaska! Confiram: http://www.nytimes.com/2011/09/16/nyregion/brazilian-couple-traverses-the-americas-on-motorcycle.html?_r=2&ref=nyregion    Me inspirou muito, e espero poder ter histórias para contar à posteridade como este homem já deve ter.

Bem, mas faltando tão pouco tempo assim pra nossa arrancada (pretendemos sair no dia 26/12/2011), sentimo-nos pressionados com a necessidade de organizar tudo logo. Esta semana o Edgar já montou o suporte do top-case em sua moto, colocou os sliders e a mala tanque, tudo comprado nos EUA e que demorou 40 dias para chegar. Vejam como está a moto dele:

FZ6 2009 do Edgar: Mala-tanque, bauleto e suporte Givi, GPS Garmin Zumo
Quanto à minha moto, estou esperando o ex-dono me entregar a documentação para também começar a equipá-la. Temos observado que se não dosarmos nas compras, elas poderão nos deixar em uma situação delicada, poderão comprometer o orçamento da viagem. Feitas as principais aquisições de trajes e eletrônicos, estamos agora buscando alternativas para a bagagem. Não podemos mais gastar dinheiro com preparativos. 

Mas talvez a situação mais complicada ainda seja a do Joelson. Ele esteve em Portugal e Espanha em Agosto e comprou algum equipamento. Entretanto, é o que ainda está mais atrasado na organização da tralha, já que decidiu embarcar neste Projeto muito recentemente. Esta semana devemos nos reunir para tratar deste assunto de forma mais incisiva.

No próximo post trataremos do roteiro de ida. 

Ah, e caso se interesse, entre no jornal local da Ushuaia para saber notícias sobre o cotidiano fueguino: http://www.eldiariodelfindelmundo.com/

Hasta luego!!

terça-feira, 13 de setembro de 2011

SUPERLATIVOS NO PERCURSO

*Por Eduardo

Desde quando resolvemos "descer ali em Ushuaia", sempre fazemos inferências sobre as grandiosidades, extremismos e intensidades que estão relacionadas a essa expedição. De início, a mais comum das frases: "a cidade mais austral (mais ao sul) do planeta". Observe o mapa-mundi da seguinte perspectiva (Goiânia está no ponto A, e Ushuaia no B).
Goiânia e Ushuaia - raios de distância (clique para ampliar)
A distância entre Goiânia e Ushuaia é de cerca de 6000 km. Uma distância e tanto, especialmente se considerarmos a quantidade de lugares que estão neste raio. A 1000 km de Goiânia, estão localizados importantes destinos, a exemplo da Capital Federal Brasília, além das Capitais Estaduais São Paulo-SP, Belo Horizonte-MG, Palmas-TO, Cuiabá-MT, Campo Grande-MS. Com um pouco mais que 2000 km, chega-se a quase todas as capitais das Unidades da Federação, com exceção de Rio Branco-AC, Manaus-AM e Boa-Vista-RR. Estimamos uma distância de 3000 km até Montevidéu-UR e Buenos Aires-AR. Veja que a capital del hermanos está na metade do caminho. É muito chão!! Em Ushuaia, estaremos a uma distância comparável à dos nossos lares ao continente africano; distância que permitiria chegar em qualquer país da América do Sul e em alguns da Central, ou ilhas como de Chiloé, Galápagos, Malvinas (Falkland), Fernando de Noronha, Caribe e outras tantas. 
Agora, lembre-se que nós iremos e voltaremos pilotando as motos. Serão mais de 12000 km Goiânia-Ushuaia-Goiânia, distância equiparável a diversos pontos do globo terrestre (distâncias aproximadas em linha reta à partir de Goiânia):
- Nova York: 8000 km
- Alasca: 13000 km
- Paris: 9000 km
- Berlim: 10000 km
- Moscou: 11500 km
- Cairo: 10000 km
- Jerusalém: 10500 km
- Teerã: 12000 km
- Litoral oeste da Austrália (pelo Atlântico): 16mil km
- Japão (pelo Pacífico): 18000km
- Circunferência do globo terrestre (linha do Equador): cerca de 40000 km

Ainda informando sobre estas grandezas, vale ressaltar que viajaremos por algumas das maiores rodovias do Brasil (BR-153 e BR-101), cruzaremos o rio mais largo do mundo (Rio de la Plata, com até 220 km de largura), margearemos a maior cordilheira do globo (cordilheira dos Andes), visitaremos a maior geleira em extensão horizontal existente (Glaciar Perito Moreno, El Calafate-AR).
Postarei fotos desses lugares que mencionei; fotografias nossas!

South America at night map (clique)
Finalmente, é de se considerar o tamanho deste sonho que está em vias de ser realizado. É grande a expectativa, a empolgação, mas também o medo e as incertezas sobre o porvir. Nossa vontade de realizar é do tamanho de todos esses "mais", esses "maiores"... É do tamanho da soma desses números.

sábado, 3 de setembro de 2011

EXCEPCIONALIDADES: A REGRA QUE NOS ACOMPANHARÁ NESTE PROJETO

*Por Eduardo

Há cerca de 4 anos atrás, admirados com a audácia de alguns moto-viajantes e tomados por este desejo de realizar o nosso próprio roteiro moto-turístico, traçamos as primeiras idéias sobre nossa ida pra Ushuaia. Desde então, buscamos nos alimentar com informações de experiências parecidas já vividas por muitos. Quem pesquisa sobre moto-turismo na internet, passa a conhecer pessoas que (assim consideramos) são autoridades deste assunto no país:
- Eldinei Viana http://www.viajantesolitario.com.br/ (esta sumidade foi recentemente recolhida por Deus, deixando grande lacuta no moto-turismo brasileiro e um valioso material publicado)
- etc.

Autores de livros, filmes e numerosos relatos de viagens a destinos interessantíssimos da América do Sul como Ushuaia, Atacama, Machu Picchu, Amazônia, Caribe, Santiago/Viña del Mar/Valparaíso, Uyuni etc., e até para além da América Latina, como Alaska, NY, Europa, dentre outros, encontramos em seus sites e blogs as peças deste quebra-cabeça que pretendemos ajuntar.
Certamente que por mais que busquemos informações para errar o mínimo possível em nosso projeto, nada substituirá a experiência que pessoalmente adquiriremos com esta viagem. Aliás, é justamente nestes peritos motociclistas que concluímos: haverão situações imprevistas que teremos que enfrentar. Exceções, vírgulas, dificuldades, tropeços e "opss..." impreterivelmente serão nossos grandes companheiros neste Plano.

Vamos aos nossos recentes e pequenos imprevistos.

Nestes últimos dias, o Edgar foi surpreendido com um diagnóstico de cálculo renal, não antes de passar dias e horas de dor e sofrimento.
Cálculo Renal do Edgar

Apesar do maçante imprevisto, acho que o momento foi providencial. Imaginem uma crise renal a 6 mil km de casa, no frio e chuva, sobre uma moto!! Ele já realizou duas litotripsias, mas ainda não eliminou as pedras. Espero que o companheiro fique bem logo.

Ainda falando sobre excepcionalidades (há as boas também), nesta semana tivemos a grata notícia de que contaremos com a companhia de um outro grande amigo nesta viagem.

Carregamos conosco uma convicção de que quanto mais gente puder nos acompanhar nesta viagem... pior será! É isto mesmo.
Diante das diferenças de opiniões que cada pessoa naturalmente tem, quanto mais gente estiver seguindo em conjunto nesta viagem, mais difícil será estabelecer consensos e, mais ainda, unanimidades. A princípio, pensamos assim - e se juntos pensamos assim, é sinal de que o nosso grupo está coeso. Já pudemos ler sobre a experiência de um grupo de motociclistas que se separou pelo caminho por falta de entendimento. Confira: http://expedicaoaofimdomundo.blogspot.com/   É fato que este grupo, afinal, conseguiu se reunir para concluir a expedição e chegarem juntos em Brasília, como na partida. Um dos membros, o atencioso Flávio Faria inclusive me passou valiosas dicas sobre um trecho do percurso (este tema será o motivo de uma postagem à parte).
Enfim, três pessoas é a quantidade ideal, e digo isto com base nas várias moto-viagens que nós três já empreendemos juntos. Diante de qualquer imprevisto, podemos rapidamente concordar em uma estratégia, sem muitas delongas. E este terceiro integrante é o Joelson Faleiros, um camarada que conheci há muito tempo (nem sei quanto), produtor rural em Bela Vista de Goiás. Nossos pais cotidianamente realizavam negócios de gado. Também estávamos sempre em contato nos finais de semana, pois éramos vizinhos de banca nas feiras onde trabalhávamos. Já temos kms rodados suficientes para duvidar que teremos dificuldades de relacionamento na execução do Projeto. Ele tem uma Honda Hornet 2009 dourada, e essa máquina vai levá-lo agora ao extremo sul das Américas (caraca, essa viagem vai ser um show!!).

Hoje o Joelson arrumou umas folhas para o Edgar fazer um chá quebra-pedras. Vamos ver no que vai dar.

Também demos uma peneirada em Anápolis procurando uma moto para mim. Sem sucesso por enquanto. 

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

AFINAL, QUE IDÉIA É ESTA?

*Por Eduardo

Aproximando-se cada dia a data da nossa partida rumo à cidade mais austral (mais ao sul) do mundo, é natural que as pessoas, ao ficarem sabendo do plano, 'franzam a testa':
"- Ushuaia?"
"- Onde fica? E o que tem lá de especial?"
"- 12.000 km? De moto?? Por quê???"
Paixão por motos é isto mesmo: os apaixonados não conseguem explicar; os que não gostam, não conseguem entender.
Sou motociclista há 12 anos. Assim que completei 18 anos (1999), peguei minha primeira moto. Não tenho influência nenhuma na família para gostar delas, mas tendo aprendido a pilotar ainda na adolescência, experimentei uma sensação de liberdade que até então desconhecia. Naquela primeira motocicleta - uma Honda Biz - realizei minhas primeiras viagens sozinho (minha família praticamente não viajava a passeio). Eu tirava uma ou outra manhã para visitar cidades próximas a Goiânia, como Pirenópolis, Goiás, etc. Não descarto a possibilidade da paixão por motos ser, na verdade, uma paixão pela liberdade, que acabamos materializando nestes veículos.

O Edgar participou de muitas destas viagens, e foi aí que aprendeu a pilotar. Conheço o Edgar desde 1994, quando estudamos juntos no Colégio Hugo de Carvalho Ramos, e a amizade que construímos com as famílias um do outro permitiu que pudéssemos agora desenhar e executar este Projeto.
Enfim, passando por diversos tipos de motos, e vivendo diversas situações com elas, começamos a projetar a combinação de duas coisas maravilhosas: viagem (ninguém duvida de que seja uma das melhores coisas da vida) e moto. E realmente fizemos muitas viagens de moto. Para quem não sabe, digo que todo final de semana tem encontro de motociclistas em diversos lugares do Brasil - basta conferir no site http://www.mototour.com.br/ e verá os mais diferentes destinos para os motociclistas pegarem a estrada. E o que fazemos nesses encontros? Particularmente, não acho que tenha nada de muito interessante neles, senão as próprias e mais diferentes motos, bem como uma nova cidade que se conhece. Estes encontros são na verdade um pretexto para o motoqueiro pegar a estrada. É a estrada que realmente importa! Não interessa muito o destino, mas sim o caminho. Poderíamos seguir para Ushuaia de avião, muito mais barato, mais confortável, rápido... mas e os ares? Os cheiros, as cores, as coisas, as pessoas, os lugares, as paisagens...? Tudo isto não se tem na cabine de um avião!

Ushuaia, Tierra del Fuego, Argentina

Então, escolhemos ir de moto por um caminho mais longo possível, para passar muito tempo sobre elas, em contato direto com as diversas coisas que veremos. Qual pode ser a estrada que melhor nos permitirá isto? Ushuaia, no extremo sul da América do Sul, na Argentina,  fica a cerca de 6.000km de Goiânia. Para se ter uma idéia, Buenos Aires fica a cerca de 3.000km - metade do caminho. Ushuaia é a capital da provícia de Tierra del Fuego, e é a cidade mais próxima da Antártida - daí ser chamada a mais austrau, a que fica mais ao Sul no Planeta.

Anualmente, muitos aventureiros seguem para Ushuaia pela via terrestre, mas precisam enfrentar trechos sem asfalto, além de ser necessário tomar embarcações para atravessar canais. Nas próximas postagens falaremos sobre o roteiro que pretendemos percorrer.

Eu já fui nos EUA; Edgar conhece a Europa. Estamos ansiosos para descobrir, por nós mesmos, as coisas que estão às nossas costas. Não tenho dúvidas de que a América do Sul é um destino turístico maravilhoso, mas pouco valorizado por nós que só temos olhos para o Norte. Em breve descobriremos as surpresas que a Patagônia nos reserva.

terça-feira, 16 de agosto de 2011

EQUIPAMENTO - Parte 2

*Por Eduardo

Antes de avançarmos na verificação do equipamento que utilizaremos em nossa empreitada, registro que vendi a minha moto (Suzuki Bandit 650 N 2009) para adquirir outra mais adequada para esta viagem. Estou em busca de uma Yamaha Fazer 600 S igual a do Edgar. Já constatamos a diferença que a carenagem/bolha faz em termos de conforto ao pilotar.

Alpinestars AST-1 (waterproof)
Alpinestars 7-10 (waterproof)
Pois bem, para proteção externa, utilizarei jaqueta impermeável da Alpinestars, modelo 7-10. Já faz tempo que tenho esta jaqueta e já pude utilizá-la na chuva. Não descartamos a possibilidade de utilizarmos capa plástica para chuva, mas a princípio esta jaqueta protege bem contra a água. A calça foi recentemente adquirida (veio de Londres, também Alpinestar, modelo AST-1) e ainda não usei. Imagino que deve ser tão confiável quanto a jaqueta - ambas se conectam na altura da cintura por um ziper. É um traje formidável!
Alpinestars Ridge (waterproof)
Ainda, botas também impermeáveis Alpinestars, modelo Ridge. Estas botas são lindas, e realmente à prova d'água, mas me preocupei um pouco porque o cano é muito curto, o que pode fazer com que entre água pela boca... estou contando que minha calça vá resolver este problema! E não descartamos a hipótese de utilização de polainas plásticas sobre as botas. Devo levar botas sobressalentes, já que tenho um par de Bull Terrier Electra que já estão bem mais gastas. Esta decisão somente será tomada depois que as malas estiverem prontas - ocupam muito espaço.
Bull Terrier Electra
RST Alpha WP
E para arrematar, luvas também à prova d'água, marca RST, modelo Alpha WP, trazidas de Londres também. Levaremos mais uns 3 pares de luvas cada um, para uso em diferentes situações. Quanto mais densas são as luvas, menor é o tato com os comandos da moto. Portanto, se não estiver chovendo, utilizaremos as luvas mais simples, para proteger do sol, vento, pedrinhas e insetos, etc. Para frio seco, também uma determinada luva.
Em Ushuaia chove o ano inteiro. Conforme é possível verificar neste climograma, a época em que vamos viajar é a que melhor combina chuva e frio: chove menos e mantém temperaturas médias mais altas:
Clima em Ushuaia

Mas a época é de chuva no Brasil; daí o alto investimento em equipamentos à prova d'água para garantir o melhor conforto possível em tão severas condições de viagem: moto, chuva, longas distâncias, muito tempo, etc.